domingo, 26 de dezembro de 2010

Mãos Dadas



Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
(Drummond)

Para um pequeno príncipe.

Antes de você, eu esquecia o celular, tinha pensamentos livres e horas vagas. Eu sempre tinha a razão, não aguentava reclamações, não planejava tantas coisas boas e bobas. Antes de você eu não morria de saudade, não era tão bem-humorada, não me preocupava em fazer alguém feliz, em cuidar de alguém. Eu não sabia sequer que um abraço por celular fosse possível e curasse tanta dor, que o mundo cabia num sorriso imaginado, e que era possível gostar tanto de uma pessoa. Você trouxe unguento para minhas feridas , você me ensinou o verdadeiro significado de um amor de verdade. Aquele que não passa com o vento.
Adeus.

domingo, 28 de novembro de 2010

O que os gatos fazem por nós...

Achei esse texto em um blog , e sei o quanto tudo isso é verdade, lembrei do meu amor que foi pro céu dos gatinhos, cada linha desse texto é um pouco do bem que Biel fez em minha vida, as coisas que me ensinou, eu não quero perder isso. Ainda não tenho condições de ter outro gatinho em minha vida, Biel é muito real, e sei que vai ser sempre. Mas quero muito em um outro momento me dedicar a uma pessoinha outra vez. Eles são as criaturas mais lindas que alguém pode ter por perto, ninguém poderia sair desse mundo sem conviver com essas criaturas de Deus, tem gente que precisa dessa experiência e nem se dá conta. São enfeites, são mimos, alegria em nossa casa. Meu Biel era a calda de chocolate quente que derretia o coração da gente. Miauloveyouforever, meu Biel.


Esquentam nosso colo e nos dão alguém para falar.
Ajudam a baixar a pressão.
Criam um elo entre você e as outras pessoas que têm gatos.
Transformam objetos comuns em brinquedos.
Nos faz mais atentas aos pássaros.
Funcionam como alarme.
Exibem acrobacias para você.
Contribuem para tornar sua vida mais longa.
Enfeitam o peitoril da janela.
Mantém os ratos longe.
Nos fazem sorrir.
Inspiram os poetas e escritores
Nos ensinam a ter os pés no chão,
Nos fazem deixar nossos desejos em segundo plano em prol de alguém.
Aquecem nossas casas e nossos corações.
Nos lembram de como a vida é misteriosa.
Compartilham conosco o seu ronronar.
Nos instruem na arte de se espreguiçar.
Mostram-nos como levantar a poeira e dar a volta por cima.
Fazem com que até nosso sofá velho pareça bonito
Abrem nossos corações.
(Autor desconhecido)

sábado, 27 de novembro de 2010

A quoi ça sert l'amour?

Beatles por Drummond

 
FAREI TUDO
(Tradução: Carlos Drummond de Andrade)

Desde sempre te amei
e bem sabes que ainda te amo.
Devo esperar toda a vida?
Se quiseres — esperarei.

Se alguma vez te vi
nem sequer teu nome escutei.
Mas isso não faz diferença:
sempre a mesma coisa sentirei.

Eu te amarei por todo o sempre, sempre,
desde a raiz do meu coração
e te amarei quando estivermos juntos
e te amarei na solidão.

Quando finalmente te encontrar
tua canção envolverá o espaço.
Canta bem alto, para eu escutar.
Tudo farei para te dar o braço
pois tudo em ti me prende a mim.
Bem sabes que farei tudo
tudo farei.


Segue a canção original:

I WILL
(John Lennon - Paul McCartney)

Who knows how long I've loved you,
You know I love you still,
Will I wait a lonely lifetime,
If you want me to I will.

For if I ever saw you,
I didn't catch your name,
But it never really mattered,
I will always feel the same.

Love you forever and forever,
Love you with all my heart;
Love you whenever we're together,
Love you when we're apart.

And when at last I find you,
Your song will fill the air,
Sing it loud so I can hear you,
Make it easy to be near you,
For the things you do endear you to me,
oh, you know I will.
I will.


Sobre a tradução:

Em março de 1969, a extinta revista Realidade publicou excertos de uma biografia dos Beatles, então no auge da fama, produzida pelo escritor Hunter Davies.Para ilustrar o trabalho dos moços de Liverpool, a revista pediu a Drummond que traduzisse algumas letras das canções de seu mais recente disco, The Beatles — o apelidado Álbum Branco, de 1968.


[Não conhecia essa tradução de Drummond para I Will (desculpem a ignorância), nem sei se procede a informação. Pesquisei outras traduções e notei que são muito óbvias e pobres, essa tradução é bem mais elaborada e poética, por isso creio que seja sim, de Drummond. Achei tão cara de minha e lembrei imediatamente, de um pássaro que pousou em minha janela num fim de tarde chuvoso de outubro e que voou para nunca mais, mas fica a canção me dizendo, por Drummond - Farei tudo.]

P.S: Não consegui postar texto e vídeo juntos.Rs.

I Will ( The Beatles)

Madrigal Melancólica


O que eu adoro em ti
Não é sua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza
O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Mas é o espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas
O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz
O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
(...)
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza
O que adoro em ti lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é a vida!

(Manuel Bandeira)

Outra vez, Clarice. Sempre, Clarice.

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

["Não Entender" de 01/02/1969 em A Descoberta do Mundo]

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Para ler e ver

Eu passei a amar essa obra através do olhar de minha amiga para sempre Si (a mais feliz) e completou o amor quando Tabitinha (a que parece uma lagarta lista) me disse que amava. Si dava-nos os nomes das personagens, ela era Marianne Dashwood (por que será?rss) . O livro é lindo e o filme maravilhoso, adoro cada cena, mas  minha preferida é quando Edward Ferrars vai a casa da família  Dashwood contar a Elinor que  havia desfeito o noivado e estava livre, a cena é super engraçada e rendeu boas risadas minhas e de Tabitinha. Hoje já não sei quem sou, uma mistura das irmãs Dashwood: Razão e Sensibilidade.


O LIVRO


O FILME


Meu mimo com a cena do filme.
Lindo.


Sobre a obra:

Razão e Sensibilidade” (no original - Sense and Sensibility), foi publicado em 1811 e pode ser considerado um ensaio sobre a psicologia humana.

O rompimento com a ingenuidade da fé medieval, a ambição da época napoleônica e o desenvolvimento da ciência, foram os ingredientes que influenciaram uma nova forma de filosofia, que tinha como eixo central a busca dos prazeres terrenos. Por outro lado, o início do Romantismo, propõe uma revisão do século das Luzes.
Marianne e Eleonor, irmãs e personagens da obra, têm uma forte ligação, mesmo que possuindo características diferentes entre si. A primeira é impulsiva e emocional e a segunda reflexiva e conservadora. Eleonor é a representação da mulher romântica, que busca um marido rico, uma vida ociosa cheia de festas e visitas. Mas, escolhe o "pior partido", movida pelo sentimento. A autora faz de sua obra um jogo entre interesses e sentimento, colocando o casamento como forma da classe média enobrecer.

Sobre a autora

Jane Austen nasceu em 1775 na Inglaterra, é considerada como segunda figura mais importante da literatura inglesa depois de Shakespeare.

Filha de sacerdote, uma vida sem grandes acontecimentos, Jane Austen escreveu as mais belas ficções. Tendo-se estabelecido como romancista, isolou-se e foi afetada por uma doença (supostamente a doença de Addison). Acabou falecendo em Winchester ao tentar curar-se.

Obras:

"Razão e Sensibilidade"; "Orgulho e Preconceito" (1813); "Mansfield Park" (1814); "Emma" (1815); "Abadia de Northanger" (1818); "Persuasão" (1818); "Sir Charles Grandison" (1980). Várias de suas obras foram transformadas em filme.
(Fonte:Novidades da Livraria)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Meus mimos

Um coração
de mel de melão
de sim e de não

É feito um bichinho
No sol da manhã
Novelo de lã
Bate um coração
De Salier
Biel
e quem mais chegar
Água
Terra
Fogo
e
Ar

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

"Nem foi..."

De: mim
Para: ti

Eu achei isso muito legal, eu peguei de um blog, queria saber fazer. Fico rindo (rsss) horas vendo a Alice cair no buraco. Ando como ela, não sabendo exatamente onde estou indo, mas vou, espero chegar ao País das Maravilhas, aqui tá muito chato sem Peter Pan, pequeno príncipe, sem pássaro de asas coloridas, sem histórias...Ninguém me faz cenário lindo aqui onde estou. "Estou aprendendo a viver sem você...(&estou cantando&)" e entre um deslize aqui, outro ali, vou alimentando meus dias com minha saudade meio maluca, e minha vontandes, como as de Raquel (preciso de uma bolsa amarela, URGENTE!). Um dia a saudade está enorme, outros nem me visita. Tudo parece novo, e estranho, mas estou bem. Mas é a vida, as coisas começam a tomar seu rumo, assumi verdades que não são minhas, tudo para aceitar o que a vida me impõe. Eu falei que quando a vida impõe, é tão cruel quanto a morte. Ih, esse fim é -totalmente- influência bruniana.Rss.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Meu coração...

"...Mas mesmo assim...Foges de mim..." 

"...e terminar aquela conversa que ficou pra hoje..."

"SEU ALL STAR AZUL COMBINA COM O MEU PRETO DE CANO ALTO


[Eu não uso All Star, mas concordo plenamente.Rsss.]

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

* Sobre a verdade II

[Ontem passei uma tarde maravilhosa em companhia de minha amiga para sempre (a mais sábia de todas) rimos, falamos de projetos, amor, vida e me perdi em seus ensinamentos e suas experiências  maravilhosas. Falamos sobre a necessidade que nós seres humanos temos de querer saber a verdade. Lembrei do poema de Drummond (segue abaixo). Refleti muito sobre o que me falou sobre a vida, disse a ela que gostaria de ter a mesma percepção que ela tem sobre os problemas, sobre os acontecimento e sobre o mundo. E ela me respondeu que isso só o tempo, o amadurecimento me dará, que preciso passsar por várias experiências para que eu possa aprimorar o olhar sobre o mundo. Para que psicólogo? Eu tenho uma A.P.S, isso invalida qualquer teoria freudiana. Drummond nos diz neste poema que a verdade tem dois lados e que cada um acredita naquilo que quer ter como sua verdade. A minha verdade é a verdade, mas porque dizer que a sua não é? Filosófico, não? Muito, muito reflexivo. Acho que pensarei duas vezes quando cobrar a verdade de alguém, pois pode ser que este, também, queria saber a aminha. Amiga esse post é em nome de nossa amizade verdadeira e para sempre, e que para nós o "para sempre nunca acabe".


VERDADE

Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Olha ele aí!!!!!!!!!!!


[Perdoem-me, mas meus escritos estão pouco inspiradores, foi só vontade compartilhar com a Sô que sua amizade me faz muito bem. Obrigada, amiga.]

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

* "O coração tem razões que a própria razão desconhece..."

   


Coração
Pra cantar,pra brincar,
pra dançar e até dormir,
sempre é sempre assim,
você mora dentro de mim
quero ouvir tua voz me falar de namorar
quando coração você pensa se apaixonar

Uma vez pensei e quase te falei
Que o amor chega sem avisar
Coração, coração, é tão bom o teu calor
Vem cantar pra mim tua linda canção de amor
Se eu sorrir, se eu chorar, se eu mentir amigo meu
Sempre coração, você sabe você e eu
Então olha amigão você vai dizer pra mim
Diga sim ou não, é verdade que o amor tem fim?

Uma vez pensei e quase te falei
Que o amor nunca vai ser ruim
Coração, coração
É tão bom o teu calor
Vem cantar pra mim tua linda canção de amor!
Pra cantar,pra brincar,
pra dançar e até dormir,
sempre é sempre assim,
você mora dentro de mim

Coração, coração
É tão bom o teu calor
Vem cantar pra mim tua linda canção de amor!
(Turma do Balão Mágico)


[Essa música é tão bonitinha, eu sempre canto, lembro da minha infância.Minha irmã fazia festinha para nossos amiguinhos em nossa casa, era uma espécie de matinê regada a suco, pipoca, bolo, brigadeiro e turma do balão mágico.Como era bom, eu nem sabia que os corações eram tão malucos.Rss.Que tempo feliz era aquele. Cresci e conheci as sem razões do coração, aquelas ditas aos pés da santa cruz.Rsss.Mas tudo vale a pena, se a alma não é pequena, já disse o meu (o nosso) Pessoa, a minha é enooooorme, como o Tejo, ou rio de minha aldeia. Beijos para todos]

*In Aos pés da santa cruz

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Reflexões...

[Andei por outras paragens, jardins suspensos, essas coisas, que você sabe...Rss.Mas apesar da ausência física, não esqueci de ti. Tuas palavras amigas, mui verdadeiras .Lembro da margem daquele rio, das chuvas misteriosas desse local, dos papos ao pé de São Pedro, do vinho e da poesia daqueles instantes fraternos. Com vês, não esqueci nada, aprendi com você a olhar as coisas, amá-las e saber que mesmo distante elas continuam sendo nossas.Sua amizade me é muito importante, o Circulo de Praga não foi reatado, mas as lembranças passeiam nas esquinas musicais desta cidade de além-mar. Ah, o Gramophone é seu, levarei antes do que imaginas.]

Aos mestres com carinho...

[ Parabéns a todos o professores desse país tão carente de educação, que possamos ter forças para lutar com palavras, mesmo que esta luta, muitas vezes, seja vã. Deixo vocês com imagens de alguns de meus mestres, pessoas que fazem parte de meu mundo de professora, e que me fazem companhia em minha vida fora de sala de aula. Sou feliz, por tê-los como objeto de estudo e companheiros de vida.]

Giz



E mesmo sem te ver

Acho até que estou indo bem
Só apareço, por assim dizer
Quando convém aparecer
Ou quando quero
Quando quero

Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És parte ainda do que me faz forte
E, pra ser honesto,
Só um pouquinho infeliz...

Mas tudo bem
Tudo bem, tudo bem...
Lá vem, lá vem, lá vem
De novo...
Acho que estou gostando de alguém
E é de ti que não me esquecerei

Eu rabisco o sol que a chuva apagou...
Acho que estou gostando de alguém...)
(Legião Urbana)

[Tô um pouco triste, como essa canção, mas é preciso saber dizer "adeus". Um dia, uma noite, uma frase é suficiente para pôr fim em sonhos que plantamos em solos não tão férteis. Mas vai passar, sou forte, eu conheço um Deus que faz milagres.]

sábado, 2 de outubro de 2010

Meu pequeno grande amor...


"Já não te encontro à espera ao pé da porta....Tanto vazio por todo lugar...Tanto silêncio sinto ao chegar....Fica a ausência marron, e uma tristeza milenar...".

[Há uma saudade que acorda esta casa todas as manhãs te procurando em cada vão. Dois meses sem meu pequeno grande amor.

domingo, 26 de setembro de 2010

LENDO:

 "Que é Literatura" de Sartre. Como toda leitura sartreana que faço, às vezes me encontro. Sartre nesta obra faz uma reflexão sobre a atividade literária, partindo de três indagações: Que é escrever? Por que escrever? Para quem se escreve? Defende o compromisso do escritor com a sociedade, ainda que este não deixe explicito tal compromisso em seus escritos. É uma leitura bastante interessante -na verdade- é uma releitura que faço, para uma atividade acadêmica. Não é uma leitura descompromissada, se é que há quem leia Sartre/Filósofo sem compromisso.Rsss.




(Ed. Ática/ 3ª edição/ Tradução: Carlos Felipe Moisés)

Eu vou fazer uma canção de amor...bonitinha, né?


Minha paixão há de brilhar na noite, no céu de uma cidade do interior....
Como um objeto não identificado...........
                   

* "A saudade do menino entrava pela janela da varanda"



Fim da leitura de "Três casas e um rio" de Dalcídio Jurandir - encantada- é tudo que posso dizer do estado em que me acho, foi uma leitura calma e sem vontade de acabar.Conheci Cachoeira em junho passado, mas ainda não havia começado a leitura, o que hoje, acho uma pena.Fico pensando em como a leitura pode ser significativa na vida de um ser. Dalcídio viveu na margem de um rio, em uma casa humilde, um lugar distante dos grandes centros acadêmicos, agora posso entender, academia do peixe frito. Sabedoria retirada dos campos, liricidade construída do contato com a realidade. Teoria Literária? Qual o quê?Dalcídio desafia a escrita em sua prosa poética, dando  voz a personagens tão fortes que somos capazes de jurar conhecê-los: d.Amélia, Alfredo, Major Alberto, Andreza, Luciola e outros. Porém, o menino Alfredo é o grito do lirismo em Dalcídio, e os meus momentos preferidos da obra são as divagações de Alfredo, em especial quando este reflete sobre o grande mistério: a morte.Transcrevo um trecho da obra, porém vale a pena uma leitura completa.

 "Essas mortes até então passavam de largo pelo chalé, como as lanchas no rio. Às vezes, ameaçavam, como que batiam à porta, afastavam uma telha do lugar a espiar Mariinha nas noites de febre. Para Alfredo o espantalho contra as mortes era sua mãe que sabia proteger o chalé. Via naqueles braços um poder de curar que não havia em outras mulheres nem nos médicos lá de Belém, ou que passavam, tão raramente, nas lanchas dos fazendeiros. Em seu chalé, a vida estava íntegra. Isto o separava das outras casas de Cachoeira. O chalé era apenas um barco encalhado, à espera de maior inundação para poder seguir e nunca mais ancorar naquele porto. Exibia o privilégio de não ter um nome naquele poeirento e insaciável livro dos mortos do tabelião Farausto."(Três casas e um rio; Dalcídio Jurandir.1994;p.67)

P.S: A capa do livro aqui postada, não é a edição que li. Fiz foto da capa, mas não consegui anexar no blog. Como gostaria de deixar uma imagem do livro no post, peguei este na internet.
P.S: * O título é uma das últimas falas do narrador sobre a impressão do menino Alfredo ao deixar o chalé. Gente é de uma beleza, que só lendo mesmo.

domingo, 22 de agosto de 2010

As borboletas.




        

Brancas

Azuis

Amarelas

E pretas

Brincam

Na luz

As belas

Borboletas

Borboletas brancas

São alegres e francas.

Borboletas azuis

Gostam muito de luz.

As amarelinhas

São tão bonitinhas!

    E as pretas, então . . .

Oh, que escuridão!
                                                                                                                               
   (Vinícius de Moraes)


Para: Francy, Carol, New, Lala, Vinícius, Arthur, Lulu, Lili, Maria, Júlia, Lia, Clara, Paulinha, Sofia e quem mais chegar...

Todas as cartas de amor são ridículas...


Ophelinha:


Agradeço a sua carta. Ella trouxe-me pena e allivio ao mesmo tempo. Pena, porque estas cousas fazem sempre pena; allivio, porque, na verdade, a unica solução é essa - o não prolongarmos mais uma situação que não tem já a justificação do amor, nem de uma parte nem de outra. Da minha, ao menos, fica uma estima profunda, uma amisade inalteravel. Não me nega a Ophelinha outro tanto, não é verdade?Nem a Ophelinha, nem eu, temos culpa nisto. Só o Destino terá culpa, se o Destino fosse gente, a quem culpas se attribuissem.
O Tempo, que envelhece as faces e os cabellos, envelhece tambem, mas mais depressa ainda, as affeições violentas. A maioria da gente, porque é estupida, consegue não dar por isso, e julga que ainda ama porque contrahiu o habito de se sentir a amar. Se assim não fosse, naão havia gente feliz no mundo. As creaturas superiores, porém, são privadas da possibilidade d'essa illusão, porque nem podem crer que o amor dure, nem, quando o sentem acabado, se enganam tomando por elle a estima, ou a gratidão, que elle deixou.Estas cousas fazem soffrer, mas o soffrimento passa. Se a vida, que é tudo, passa por fim, como não hão de passar o amor e a dor, e todas as mais cousas, que não são mais que partes da vida?Na sua carta é injusta para commigo, mas comprehendo e desculpo; decerto a escreveu com irritação, talvez mesmo com magua, mas a maioria da gente - homens ou mulheres - escreveria, no seu caso, num tom ainda mais acerbo, e em termos ainda mais injustos. Mas a Ophelinha tem um feitio optimo, e mesmo a sua irritação não consegue ter maldade. Quando casar, se não tiver a felicidade que merece, por certo que não será sua a culpa.
Quanto a mim...
O amor passou. Mas conservo-lhe uma affeição inalteravel, e não esquecerei nunca - nunca, creia - nem a sua figurinha engraçada e os seus modos de pequeneina, nem a sua ternura, a sua dedicação, a sua indole amoravel. Pode ser que me engane, e que estas qualidades, que lhe attribúo, fossem uma illusão minha; mas nem creio que fossem, nem, a terem sido, seria desprimor para mim que lh'as attribuisse.Não sei o que quer que lhe devolva - cartas ou que mais. Eu preferia não lhe devolver nada, e conservar as suas cartinhas como memoria viva de uma passado morto, como todos os passados; como alguma cousa de commovedor numa vida, como a minha, em que o progresso nos annos é par do progresso na infelicidade e na desillusão.
Peço que não faça como a gente vulgar, que é sempre reles; que não me volte a cara quando passe por si, nem tenha de mim uma recordação em que entre o rancor. Fiquemos, um perante o outro, como dois conhecidos desde a infancia, que se amaram um pouco quando meninos, e, embora na vida adulta sigam outras affeições e outros caminhos, conservam sempre, num escaninho da alma, a memoria profunda do seu amor antigo e inutil.Que isto de "outras affeições" e de "outros caminhos" é consigo, Ophelinha, e não commigo. O meu destino pertence a outra Lei, de cuja existencia a Ophelinha nem sabe, e está subordinado cada vez mais á obediência a Mestres que não permittem nem perdoam.Não é necessario que comprehenda isto. Basta que me conserve com carinho na sua lembrança, como eu, inalteravelmente, a conservarei na minha.


Fernando

29/XI/1920

(Cartas de Amor de Fernando Pessoa, Organização, posfácio e notas de David Mourão-Ferreira, Preâmbulo e estabelecimento do texto de Maria da Graça Queiroz, Edições Ática, Lisboa 1978, pp. 131-133.)


[Adoro ler, escrever, e receber cartas. Hoje acordei com um desejo de receber a minha carta, como ela tarda em chegar, decidi postar uma das mais belas cartas que já li.Foi escrita por Fernando Pessoa a Ophélia Queiroz ( seu único amor) por ocasião de mais um fim do conturbado namoro do poeta com Ophélia. Fernando Pessoa já não podia mais remendar seus afetos, e numa atitude de coragem escreveu sobre este fim. É uma bela carta de amor -ridícula, como tantas- intensa como foi tudo que Pessoa sentiu, ou fingiu sentir.Espero que gostem.]

sábado, 14 de agosto de 2010

Bandeira e suas bandeiras.Rsss


TERESA
Teresa, se algum sujeito bancar o sentimental em cima de você
E te jurar uma paixão do tamanho de um bonde
Se ele chorar
Se ele ajoelhar
Se ele se rasgar todo
Não acredita não Teresa
É lágrima de cinema
É tapeação
Mentira
CAI FORA.
Manuel Bandeira (1886 – 1968),

Para Gabriel: "A falta que ama"

Este é um texto que eu não gostaria de escrever, mas apesar de não querer, não poderia deixar de falar da passagem dessa pessoinha em minha vida. Ah, não tem adjetivos pra descrever a importância de meu amor Biel para mim, para minha vida e para toda a família Castro. Muitos não conseguem alcançar a dimensão desse amor e não compreenderão esse desabafo, essa confissão. Porém, os que me conhecem sabem que o meu Biel, não foi simplesmente um gato - Foi o meu gato Biel. A pessoinha mais linda do meu mundo, mais importante do meu mundo (desculpem amigos e parentes) os amo, mas eu posso lhes dizer do gatinho que tive - ele foi a pessoa mais importante que tive em minha vida -Esteve sempre junto de mim, foi meu fiel escudeiro, meu Sancho Pança, meu caroço de tucumã, meu soldadinho de chumbo, meu olho de mar azul, meu baobá, a calda de chocolate quente que derretia o coração da gente, meu gatinho memês. A família toda sente sua partida, e eu sofro o triplo dessa dor, porém não podia mais prendê-lo aqui com as missões que determinei a ele, e que ele tentou cumprir. Cuidamos um do outro o tempo todo, mas eis que o meu Deus, aquele que ama os gatinhos de rua e Fernando Pessoa o chamou para o céu dos gatinhos.Quando o vi dodói, me olhando com uma carinha de quem não queria ir embora, lembrei da personagem Baleia de Graciliano e imaginei que ele me olhava e ficava se imaginando em outro mundo, um mundo onde ele iria encontrar a mãe, a Felícia, onde teria um lindo quintal em que ele pudesse correr, comer capim, e onde ele acordaria feliz, lambendo a mão de uma Sali e um Nilson enorme, e continuariamos a ser felizes como fomos sempre.Estou vazia, vazia de Biel, com uma tristeza enorme dentro de mim. Estou reaprendendo um pouquinho cada dia a ser sem ele, a ir ao supermercado e não comprar latinha e areinha,  a não levantar o lixo antes de deitar, a não deixar portas abertas para não bater e machucá-lo, a não levantar escondida no meio da noite pra não acordá-lo, mas o pior de tudo, é reapreender a não ser acordada com seu miau, ou com sua tolice de fingir que queria vomitar, só pra eu levantar e atendê-lo.Não cantar a musiquinha do bom dia, chegar em casa e não ser recebida por seu carinho. A tal "falta que ama" drummondiana, a ausência que maltrata aqueles que ficam. Meu gatinho foi muito amado por todos nós, por isso viveu muito. Eis o antídoto da longevidade, o Amor, o verdadeiro Amor.


Se alguém pudesse ser um siboney
Boiando à flor do sol
Se alguém, seu arquipélago, seu rei
Seu golfo e seu farol
Captasse a cor das cores da razão do sal da vida
Talvez chegasse a ler o que este amor tem como lei
Se alguém, judeu, iorubá, nissei, bundo,
Rei na diáspora
Abrisse as suas asas sobre o mundo
Sem ter nem precisar
E o mundo abrisse já, por sua vez,
Asas e pétalas
Não é bem, talvez, em flor
Que se desvela o que este Amor
Se alguém, cantasse mais do que ninguém
Do que o silêncio e o grito
Mais íntimo e remoto, perto além
Mais feio e mais bonito
Se alguém pudesse erguer o seu Gilgal em Bethania...
Que anjo exterminador tem como guia o deste Amor?
Se alguém, nalgum bolero, nalgum som
Perdesse a máscara
E achasse verdadeiro e muito bom
O que não passará
Dindinha lua brilharia mais no céu da ilha
E a luz da maravilha
E a luz do amor
Sobre este amor.


         


[Este texto foi escrito no dia 06, mas só hoje tive vontade de postá-lo, a saudade ainda é enorme, a falta que ele faz em minha casa, em minha vida, não se explica, sente-se. E como dói. Agradeço aos que deram amor a ele, e aos que se sensiblizaram com sua partida.]

domingo, 1 de agosto de 2010

Eu não concordo...


Eu não concordo com a descida dos corações amantes à terra dura. Assim é, será e foi desde tempos imemoriais: eles seguem pelas trevas, os sábios e os belos. Coroados de lilases e de louros, eles partem; mas eu não me conformo. Amantes e pensadores, contigo, dentro da terra, transformados na poeira morna e cega. Um fragmento do que tu sentias, daquilo que tu sabias, uma fórmula, uma frase apenas restou - mas o melhor está perdido. As respostas rápidas e vivas, o olhar honesto, o riso, o amor - estes partiram. Partiram para alimentar as rosas. Os botões serão meigos, elegantes e perfumados. Eu sei. Mas eu não aprovo. Mais preciosa era a luz em teus olhos que todas as rosas do mundo.

Fundo, fundo, fundo na escuridão da cova, docemente, os belos, os ternos, os bons, calmamente eles descem, os inteligentes, os espirituais, os bravos. Eu sei. Mas não estou de acordo. E eu não me conformo.
(Edna St Vincent Millay, traduzido por Roberto Freire)

[Lembrava vagamente desse texto, li certa vez na agenda de minha irmã, eu era menina, e pensei pensei sobre ele, mas não tinha a ideia verdadeira de seu significado.A vida foi passando e eu fui crescendo, me deparei com algumas perdas, mas ainda assim, não cheguei a sua significação. Minha irmã perdeu um grande amigo, e comecei a entender um pouquinho.Mas há 5 anos atrás perdi um grande amigo, exatamente no dia 01 de agosto de 2005, naquele momento lembrei do texto, porém só lembra do início e dizia para mim mesma "eu não concordo com a descida dos corações amantes à terra dura". Hoje lembrei novamente e resolvi procurá-lo na internet, eis o texto todo, parace que está na introdução de um livro de Roberto Freire (o anarquista).Hoje diante de mais uma perda, continuo não concordando com a forma de como as pessoas que amamos nos deixam.Meu amigomenino gato Biel está indo,sei que sobrevivemos as perdas, Daniel me ensinou isso, "mas eu não concordo...eu não me conformo..." Fico fraca sem meu kriptonita, sem sua presença em minha vida, acho que nem sei ser sem ele.Só o tempo ensinará que a vida precisa seguir seu curso.]

sábado, 24 de julho de 2010

"Dizem que gato não pensa
Mas é difícil de crer."

sexta-feira, 23 de julho de 2010

quinta-feira, 22 de julho de 2010

E eu digo ao corvo "Never more".Rsss.

Existirá
Em todo porto tremulará

A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança


E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra



Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui



Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal
A cura


[Deus como eu sou feliz sem aquele fantasma que agoniava meus dias, minhas noites, minha vida. Como pude resistir tanto tempo ao milagre que as manhãs me traziam todos os dias. Minha amigairmã tem toda razão, eu estava cega, eu via com os olhos de um cego. Como sou feliz, agora. Um ano de libertação daquela doença que foi aquela longa descida aos infernos. Direi como o menino da Terceira Margem "Sofri o grande frio dos medos, adoeci", porém sou outra depois desse falimento. Como pude achar que tal ser seria o pássaro encantado que pousava em minha vida com sua linda missão, a de abrir meus olhos e me fazer ver o mundo. Sou feliz agooooooraaa.Rsss]
                                                             

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Imagens que cantam, vozes que me encantam

Alguém cantando longe daqui
Alguém cantando longe, longe
     Alguém cantado muito, alguém cantado bem
Alguém cantando é bom de se ouvir
Alguém cantando alguma canção
A voz de alguém nessa imensidão   A voz de alguém que canta
A voz de um certo alguém  
Que canta como que pra ninguém

A voz de alguém quando vem do coração de quem mantém toda pureza e a natureza

Onde não há pecado nem perdão

  
                                                                      
                                                                                            

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