domingo, 9 de maio de 2010

"O menino da sua mãe"


[Ele é meu ensaio materno. Meu infante gatinho, amigo de todas as horas e vidas. Este é o menino da sua mãe. "Meu brinquedo, meu anel, minha bola de cristal...". Meu tudo, meu nada. Meu gatinho memes, com cheirinho de Biel, olho de mar azul  e corpo de chocolate. Rsss .Por aqui comigo, sempre.]

Tenho irmãe, tudo o que aprendi de bom veio dela, tão jovem que era, mas restituiu todo o amor materno que haviamos perdido. Tivemos todos os carinhos, afagos, castigos, palmadas e muito amor. E ainda nos contaminou com seu gosto musical maravilhoso. Foram lindos momentos de infância a ouvindo cantar Chico, deitada no sofá de óculos escuros. Nossa irmãe todos os beijos e carinhos para você. Feliz dia das mães para as mulheres desta família.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

*"Perto do coração selvagem"


Coração Selvagem

Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção

Esconda um beijo pra mim sob as dobras do blusão

Eu quero um gole de cerveja no seu copo no seu colo e nesse bar

Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja

Não quero o que a cabeça pensa eu quero o que a alma deseja

Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo tenho pressa de viver

Mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar

Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar

Tempo para ouvir o rádio no carro

Tempo para a turma do outro bairro, ver e saber que eu te amo

Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente

Tome um refrigerante, coma um cachorro-quente

Sim, já é outra viagem e o meu coração selvagem

Tem essa pressa de viver

Meu bem, mas quando a vida nos violentar

Pediremos ao bom Deus que nos ajude

Falaremos para a vida: "Vida, pisa devagar meu coração cuidado é frágil;

Meu coração é como vidro, como um beijo de novela"

Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão

O meu som, e a minha fúria e essa pressa de viver

E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza

E arriscar tudo de novo com paixão

Andar caminho errado pela simples alegria de ser

Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo , vem morrer comigo

Talvez eu morra jovem, alguma curva no caminho, algum punhal de amor traído, completara o meu destino.

Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo

Vem morrer comigo, meu bem, meu bem, meu bem

Que outros cantores chamam baby


[ Gosto dessa canção, na verdade gosto de Belchior, sim, é dele. Naqueles tempos em que nada se podia dizer, ele disse tudo. Suas letras são carregadas de suas experiências com a literatura/diria com a palavra. Não sei ,pode parecer maluquice,  mas as canções de Belchior tem cara de livros de poemas, som de disco de vinil, de viagem de moto, ou de ônibus, jeito de blusão de couro e calça jeans, gosto de coca-cola, cerveja e sanduiche...Enfim, jeito de jovem que lutou pela palavra com a força da palavra...Coisas que não existem mais, que nós que não vivemos, só podemos sentir através dos livros, das canções e das histórias. Gostei ainda mais dessa canção quando descobri que a dividia com minha amiga para sempre (a mais sábia das três/rss). Pois é amiga, já tô eu aqui citando você em meus escritos. Ando sumida, mas é só de corpo, a alma percorre os mesmos caminhos que os seus, e você sabe disso. Foi uma festa quando descobrimos que gostavamos dessa canção. Risos, abraços e sedas estraçalhadas.Lembra?Rsss.Bom ouvir Belchior e experimentar um tempo não vivido. Um tempo de dor, mas que as "palavras/navalhas" de Belchior transformaram em lirismo, em beleza em canção."Tudo é divino...tudo é maravilhooosooo".Eu penso em cada coisa.Rss.Vocês deve estar pensando: Mas por que, Belchior? Mas é assim: penso, ouço, vejo, leio e logo existe.Rss.Beijos]

P.S: *Clarice sempre Clarice.
P.S2: Esse é pra você A.P.S.

domingo, 2 de maio de 2010

"Nesse dia é feriado não precisa trabalhar"


 "PÃO E POESIA"

Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
Se a vida fosse trabalhar nessa oficina
fazer menino ou menina, edifício e maracá
virtude e vício, liberdade e precipício
fazer pão, fazer comício, fazer gol e namorar
Se a vida fosse o meu desejo
dar um beijo em teu sorriso, sem cansaço
e o portão do paraíso é teu abraço
quando a fábrica apitar
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
Numa paisagem entre o pão e a poesia
entre o quero e o não queria
entre a terra e o luar
não é na guerra, nem saudade nem futuro
é o amor no pé do muro sem ninguém policiar
É a faculdade de sonhar é uma poesia
que principia quando eu paro de pensar
pensar na luta desigual, na força bruta, meu amor
que te maltrata entre o almoço e o jantar
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
O lindo espaço entre a fruta e o caroço
quando explode é um alvoroço
que distrai o teu olhar
é a natureza onde eu pareço metade
da tua mesma vontade
escondida em outro olhar
E como o doce não esconde a tamarinda
essa beleza só finda
quando a outra começar
vai ser bem feito nosso amor daquele jeito
nesse dia é feriado não precisa trabalhar
Pra não dizer que eu não falei da fantasia
que acaricia o pensamento popular
o amor que fica entre a fala e a tua boca
nem a palavra mais louca, consegue significar: felicidade
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
(Pão e Poesia/ Moraes Moreira)


[Aqui...a tarde deu em chuvosa diria Pessoa. Cabelo perfumado, oficinando texto, ouvindo "Pão e Poesia"."Há metafísica bastante em não pensar em nada". O sol acabou de tomar seu lugar, na tarde de domingo]

sábado, 1 de maio de 2010

Sobre as coisas que penso....


Capítulo XXXIII
" O penteado"
Capitu deu-me as costas, voltando-se para o espelhinho. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente, desde a testa até as últimas pontas, que lhe desciam à cintura. Em pé não dava jeito: não esquecestes que ela era um nadinha mais alta que eu, mas ainda que fosse da mesma altura. Pedi-lhe que se sentasse,
— Senta aqui, é melhor.
 Sentou-se. "Vamos ver o grande cabeleireiro", disse-me rindo. Continuei a alisar os cabelos, com muito cuidado, e dividi-os em duas porções iguais, para compor as duas tranças. Não as fiz logo, nem assim depressa, como podem supor os cabeleireiros de ofício, mas devagar, devagarinho, saboreando pelo tato aqueles fios grossos, que eram parte dela. O trabalho era atrapalhado, às vezes por desazo, outras de propósito para desfazer o feito e refazê-lo. Os dedos roçavam na nuca da pequena ou nas espáduas vestidas de chita, e a sensação era um deleite. Mas, enfim, os cabelos iam acabando, por mais que eu os quisesse intermináveis. Não pedi ao Céu que eles fossem tão longos como os da Aurora, porque não conhecia ainda esta divindade que os velhos poetas me apresentaram depois; mas, desejei penteá-los por todos os séculos dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes. Se isto vos parecer enfático, desgraçado leitor, é que nunca penteastes uma pequena, nunca pusestes as mãos adolescentes na jovem cabeça de uma ninfa... Uma ninfa! Todo eu estou mitológico. Ainda há pouco, falando dos seus olhos de ressaca, cheguei a escrever Tétis; risquei Tétis, risquemos ninfa; digamos somente uma criatura amada, palavra que envolve todas as potências cristãs e pagãs. Enfim, acabei as duas tranças. Onde estava a fita para atar-lhes as pontas? Em cima da mesa, um triste pedaço de fita enxovalhada. Juntei as pontas das tranças, uni-as por um laço, retoquei a obra alargando aqui, achatando ali, até que exclamei:
— Pronto!
— Estará bom?
— Veja no espelho.
Em vez de ir ao espelho, que pensais que fez Capitu? Não vos esqueçais que estava sentada, de costas para mim. Capitu derreou a cabeça, a tal ponto que me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la; o espaldar da cadeira era baixo. Inclinei-me depois sobre ela, rosto a rosto, mas trocados, os olhos de uma na linha da boca do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia; mas nem esta razão a moveu.
— Levanta, Capitu!
Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu desci os meus, e...
Grande foi a sensação do beijo; Capitu ergueu-se, rápida, eu recuei até à parede com uma espécie de vertigem, sem fala, os olhos escuros. Quando eles me clarearam, vi que Capitu tinha os seus no chão. Não me atrevi a dizer nada; ainda que quisesse, faltava-me língua. Preso, atordoado, não achava gesto nem ímpeto que me descolasse da parede e me atirasse a ela com mil palavras cálidas e mimosas... Não mofes dos meus quinze anos, leitor precoce. Com dezessete, Des Grieux (e mais era Des Grieux) não pensava ainda na diferença dos sexos.

                                
"Capítulo XXXVI"
"Ideias sem pernas e ideias sem braços"
Deixei-os, a pretexto de brincar, e fui-me outra vez a pensar na aventura da manhã. Era o que melhor podia fazer, sem latim, e até com latim. Ao cabo de cinco minutos, lembrou-me ir correndo à casa vizinha, agarrar Capitu, desfazer-lhe as tranças, refazê-las e concluí-las daquela maneira particular, boca sobre boca. É isto, vamos, é isto... Idéia só! idéia sem pernas! As outras pernas não queriam correr nem andar. Muito depois é que saíram vagarosamente e levaram-me à casa de Capitu. Quando ali cheguei, dei com ela na sala, na mesma sala, sentada na marquesa, almofada no regaço, cosendo em paz. Não me olhou de rosto, mas a furto e a medo, ou, se preferes a fraseologia do agregado, oblíqua e dissimulada. As mãos pararam, depois de encravada a agulha no pano. Eu, do lado oposto da mesa, não sabia que fizesse; e outra vez me fugiram as palavras que trazia. Assim gastamos alguns minutos compridos, até que ela deixou inteiramente a costura, ergueu-se e esperou-me. Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa; respondeu-me que não. A boca com que respondeu era tal que cuido haver-me provocado um gesto de aproximação. Certo é que Capitu recuou um pouco.
Era ocasião de pegá-la, puxá-la, beijá-la... Idéia só! idéia sem braços! Os meus ficaram caídos e mortos. Não conhecia nada da Escritura. Se conhecesse, é provável que o espírito de Satanás me fizesse dar à língua mística do Cântico um sentido direto e natural. Então obedeceria ao primeiro versículo: "Aplique ele os lábios, dando-me o ósculo da sua boca". E pelo que respeita aos braços, que tinha inertes, bastaria cumprir o vers. 6.° do cap. II: "A sua mão esquerda se pôs já debaixo da minha cabeça, e a sua mão direita me abraçará depois". Vedes aí a cronologia dos gestos. Era só executá-la; mas ainda que eu conhecesse o texto, as atitudes de Capitu eram agora tão retraídas, que não sei se não continuaria parado. Foi ela, entretanto, que me tirou daquela situação.


Daquilo que eu sei...
Essa semana apresentei a obra "D.Casmurro" para meus alunos da 8ª série e em meio a tanto descaso pela educação sinto-me triste por aqueles que realmente precisam da escola para conhecer a Literatura. Foi bonito ver o olhar de encantamento daqueles meninos e meninas, enquanto eu apresentava Capitu a eles. Não sei...mas acho que a escola não está interessada em pessoas encantadas. Snif snif .Que pena.


"O Lustre"

Aqui e ali leio "O Lustre", era para ser uma leitura a dois, mas está sendo solitária. Viu meu pássaro encantado? 

"Alice e o Gato de Cheshire" 

"Podia me dizer , por favor, qual é o caminho para sair daqui?
-Isso depende muito do lugar para onde voce quer ir, disse o gato
- Não me importa muito onde...disse Alice
- Nesse caso não importa por onde você vá, disse o gato."
(Lewis Carrol)



Alguma coisa aconteceu em meu coração...

Desde que um certo pássaro pousou em minha vida...
                                    Encantado, mui encantado, com seu lençol pefelido.Rsss.
       
 " Quando não estás aqui meu espírito se perde...Voooaaa looonge, voaaa longeee...loongee.."


  "Canção do vento e da minha vida"

O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

(...)


O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia

De tudo.

(Manuel Bandeira)

Sou feliz agora...

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