terça-feira, 25 de janeiro de 2011

"Ai palavras, ai palavras..."


Recebi o texto abaixo de minha amiga, integrante indispensável no S.S.A.P.S. (a mais sábia).Ela havia me prometido um texto em meu blog, mas nunca postava. Como mandou-me por email tomei a liberade de postar aqui, só para terem uma ideia vaga do que é ter uma A.P.S assim L.L.L (linda, loura e literária.Rsss).Ihh amiga, não pedi permissão para postar seu texto...e agora?Quer dizer, não pedi a você, mas pedi permissão ao deus da boa escrita.Ele existe sabia? Lindo amiga. Obrigada.


"Amiga o convite de Ricardo Reis era irrecusável e até hoje não sei se Lídia foi sentar-se à beira do rio com ele. Mas agora, te convido para te sentares ao meu lado com a mesma tranqüilidade de quem colhe flores e toca a água com a ponta dos pés. Sento-me agora aqui por ti, te devo essa reverência desde que me inscreveste entre as “grandes mulheres que fazem parte do universo que Clarice bebeu para compor suas personagens”. Sua homenagem me emocionou muitíssimo. Não tenho palavras! Ou tenho?
Um fato curioso aconteceu. No momento que li teu blog de extremo bom gosto com uma linguagem vertendo lirismo e poesia, senti imenso orgulho em tê-la como amiga e disse para mim mesma: – Tenho uma amiga escritora! No mesmo instante tratei de te enviar um e-mail e tecer para ti meus elogios de ariana impulsiva, e quando eu já estava acabando, passou por aqui um libriano ansioso teclou não sei onde e jaz! apagou tudo! “Vc. teclou. ond?”, eu perguntava desesperada! mas senti um bafo forte de vinho e percebi que Baco não ia deixá-lo responder. Que saudade da caneta e do papel! (te contei isso no sarau).
Minha adorável escritora! Conhecendo a implacável fluidez do rio de Heráclito como conheço e sabendo pela nossa adorável Beth que tudo na linha do tempo é fragmento, sei que nunca mais reconstruirei as mesmas palavras que dediquei em tua homenagem e nem lhes atribuirei o mesmo sentido, embora hoje, tudo o que eu queria tecer em relação a você e a Clarice tenha a mesma significação do dia em que li teu blog. Ai palavras! Ai palavras! “Onde estás que não respondes? ”

Reminiscências do que o rio não levou...

Amiga competentíssima, como assim... Clarissa?

Agora eu sei o que fazias na calada da noite e nos invernosos finais de semana em que desaparecias. Corrias labirintos, tateavas no escuro, entravas na floresta da alma e perambulavas em busca da vida criativa, primitiva, desse grupo de mulheres (que fazemos parte) que tecem longos casacos de lã diante do mar da Odisséia sem tirar os olhos do horizonte... com ânsias de se afogar, mergulhar profundamente, para então vir à tona cheia de vida, cheia de mar.

Praticavas a hermenêutica recolhendo ossos, não ossos qualquer, mas os ossos de Clarice, dessa mulher indomável, adorável, que se embrenhou no incompreensível e escavou na floresta mais profunda, mais fundamental do Ser, “Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma”. Certamente como nós ela teve medo de amar, de escrever, de revelar segredos, de deixar viver, deixar morrer, deixar ir o que tiver que ir... de se desapegar, mas certamente praticou o desapego e talvez nessa busca tenha passado mais tempo perto da alma, ludibriando o ego, privilégio antigo das loucas, estranhas, bruxas e sei lá mais o quê. Louca? Qual o quê! Clarice era mulher selvagem! e como tal deixou fluir os sentidos, não só “Perto do Coração”, mas em toda sua essência natural de mulher instintiva, que escavou a terra da alma, farejou, esticou sua pele até a última inquietação. Sim, pois a alma de Clarice tinha/tem pele, uma pele que arrepiava ao menor sopro de brisa. Sacerdotisa do mundo dos sentidos passava de uma para ser outra coisa sempre a nos prender e a nos alcançar com suas certezas e seus receios.
Sabes do meu carinho pelas Clarices e que assim como tu tenho uma delas em mim. Parabéns pela sua coragem! Beijos SSAPS. "
(Por Soraia Macola)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores